CHEGUE NA PAZ

21 de nov. de 2014


“O oculto sempre te conduziu e sempre te conduzirá. Ele é o teu guia maior a quem a tua fé deve se dirigir [...] As crenças que cada ser conduz são produtos materiais de formas-pensamentos que nutrem a mente humana, inerentemente. A fé, por sua vez, lida com produtos imateriais que chegam à consciência do ser por meio da intuição, silenciosamente. A fé pode ser redimensionada para a mente analítica, quando o ser sente necessidade do aval de uma razão que ofereça mais sustentação à sua experiência. Porém, há experiências que a razão não pode tocar, onde a fé e o irracional preponderam [...] Só desvela o mistério do espírito aquele que tem fé. E para a fé não há meio termo, ou se tem ou não se tem. O sábio instrutor espiritual não perde tempo com um ser desprovido de fé que tende somente a racionalizar as instruções. Tal ser se limita ao campo das filosofias, das crenças, dos argumentos, das teorias e das discussões que só bloqueiam o alcance superior ao qual o sábio intenciona almejar. Enfim, a fé é um completo estado de entrega, desistência de si em prol das mais altas verdades silenciosas de Deus [...] Uma das bases primordiais que sustentam a prática da meditação é a fé. É saber que se vai penetrar em verdades inconcebíveis e em mundos desconhecidos que permeiam a existência e a inexistência do ser.” (Do livro “VIA TERRA, caminhos da luz”, Horácio Netho)

“O divisor de águas entre os ensinamentos espirituais sagrados e os ensinamentos da ciência contemporânea é a fé. A ciência tende a estabelecer e fortalecer verdades através de métodos e sistemas racionais, concretos, lineares, compreensíveis e limitados. Por sua vez, as verdades espirituais e sagradas são irracionais, ilimitadas e incompreensíveis para uma mente humana comum. Sustentam-se em um plano acima da normalidade consensual coletiva. 


Transitam pelo mundo dos mistérios. Somente com arrojo, coragem, pureza, entrega e fé o homem pode acessar este nível sagrado. Um caminho ainda para poucos. Mesmo assim, a atual ciência da física quântica, através de seres de vanguarda, já aborda a possibilidade de um comportamento atômico irracional e imponderável, com total disponibilidade [...] A religião assumida pelo sábio não tem nome nem definição, não tem doutrina estabelecida nem crenças sedimentadas, não tem idolatria nem apologia. Estabelece-se constantemente em sua consciência e renova-se a cada momentum presente, acompanhando o movimento intermitente dos astros e da sua respiração. É um estado de constante fé e entrega à impermanência da Fonte. É autêntica presença espontânea na consciência do Todo [...] Certas instruções e realidades espirituais não requerem explicações. Estão aí para desenvolver a fé no buscador, virtude essencial para um ser elevado [...] O homem elevado vive sob os auspícios da fé. Chega a ser julgado e incompreendido por isto. Não tem a certeza intelectiva exata de como a obra divina se realiza, nem tem interesse nisto, apenas se entrega e aceita o mistério. Contempla. Sabe dentro de si que está seguindo o caminho certo, através de insights, e que a vida superior o apoia [...] Aquele que vive a sua espiritualidade no ouvir falar ou no que lê em livros de ensinamentos está limitado às verdades dos outros, da sua vida externa. O desenvolvimento da espiritualidade é também um processo de busca pessoal interna, onde o ser tem que viver a sua experiência direta, imanente e transcendente. É preciso se aventurar pelos mundos da fé e do desconhecido, desvelar o oculto e o mistério que traz resguardado dentro de si próprio, internamente. Não se sacia a fome ouvindo-se falar onde se tem o alimento, mas procurando-o e degustando-o [...] O respaldo da razão pessoal é de vital importância para que o ser humano possa transitar pelo caminho rumo ao desconhecido. Até mesmo para se acolher as verdades irracionais, a razão deve ofertar a sua disposição e o seu aval. Não deve gerar contraposição, mas se portar como um sábio investigador. Deve resguardar um estado de crença, onde a fé possa fluir livremente. Enfim, a razão pessoal deve adquirir a sabedoria do desapego, da sutilidade e do tempo não linear, para que os mistérios do divino possam ser revelados [...] O homem de fé não anseia por saber quem são os seus guias, se compraz em perceber internamente que está seguindo rumo à luz, orientado internamente. Quanto melhor for um guia, maior a sua capacidade de prestar o seu serviço sem se fazer notar. Mais sutil é a sua presença. É pura luz, sem forma, sem imagem, sem cor, sem som, sem nome... somente luz.”

(Do livro “VIA TERRA, Caminhos da Luz”, Horácio Netho)