CHEGUE NA PAZ

21 de jun. de 2013

Investir no sossego do próprio coração 

Investir no sossego do próprio coração 
é algo tão complexo por causa da sua simplicidade.  
Porque ser simples é uma das coisas que mais dificulta a nossa vida. 

Investir no sossego do próprio coração é não abrir uma brecha, 
que poderá virar uma represa, para alguém 
que não está disponível afetivamente. 

É prestar atenção nos sinais e indícios que a pessoa dá, 
logo nos primeiros encontros, do tamanho do sofrimento 
ou da alegria que ela poderá lhe proporcionar. 

É saber-se só em quaisquer situações, mesmo acompanhado,
 pois as consequências de nossas escolhas são absolutamente nossas. 

Investir no sossego do nosso próprio coração é saber 
que aquilo que está doendo deverá ser extirpado e não manter 
apego ao sofrimento, por mais que o uso do bisturi cause quase a mesma dor. 

É proporcionar-se bons momentos divorciando-se de tantos lamentos. 
É não adiar sofrimento postergando decisões tão necessárias. 
É não se acomodar com a falta de excitação pelas coisas, pessoas, trabalho. 
É saber-se merecedor de experienciar um amor inteiro, intenso, 
extenso, imenso, verdadeiro... Recíproco! 
É aumentar, um pouquinho a cada dia, o seu tamanho. 
É ter a certeza e a confiança de que as coisas têm um encaixe, 
mas que é preciso deixar ir, ou ir ao encontro, ou conformar-se 
com o desencontro, ou esquecer, ou lembrar-se de outras coisas, 
ou relacionar-se de outra forma. 

Investe no sossego do próprio coração quem não rumina 
o que machuca, quem não fica descascando a ferida impedindo 
que a mesma cicatrize, quem não se disponibiliza de maneira 
subserviente e em tempo integral ao ponto de ser desvalorizado 
ou descartável, quem não aceita menos 
do que merece: coisas pela metade. 

Investe no sossego do próprio coração quem sofre, 
grita, chora, mas cresce! 
Quem não se repete, quem se surpreende consigo mesmo, 
quem trabalha o desapego, quem se abre para as coisas 
que possuem mais calor e sensibilidade. 

Investir no sossego do próprio coração é coisa que não vem 
com a idade, mas com a ideia de que se pode vivenciar um momento 
de paz e repouso, é desocupar o peito para abrir espaço 
para o novo, é entregar-se ao desconhecido com inocência 
e totalidade, é não ter medo de pronunciar verdades, 
é ser honesto consigo, com o outro. 

Investe no sossego do próprio coração 
quem não se contenta com pouco. 
(Marla de Queiroz)