CHEGUE NA PAZ

23 de dez. de 2011

Bagagem

"Todo erro é um tropeço. Não importa como caímos. Importa como nos reerguemos."
(Arlete Sendra)

Pois é! Todo ano as mesmas questões nos são colocadas. E todo ano as mesmas inquietações, as mesmas indecisões e incertezas nos acompanham, nos assessoram ampliando nossas tensões. E tem mais: a experiência de anos, anos e anos em nada nos ajuda. E é lógico, porque todo novo ano é sempre inaugural, está saindo virgem da ampulheta do tempo. Algumas vezes com traços que lá atrás traçamos e porque nos esquecemos, curiosamente, nos surpreendemos: como aquilo deu nisto?

Pois é! 2012 já se prepara para nos receber!

Está logo ali, no dobrar da esquina. Já ouvimos os sons que o anunciam!

Paradoxalmente, todo ano que passa é mais um ano que fica. É um pedaço de nossa vida, onde nos deixamos verbalizados, sonorizados, pictorizados, cinetizados, corporificados.

Poi é! E agora, que levar na bagagem para 2012? Que deixar entregue às águas do rio Letes, águas do esquecimento? E como decidir é sair da cisão, é optar por perdas, porque ganhos virão ou não, sejamos atentos a esta bagagem até mesmo para deixarmos espaços para que o novo entre em sintonia com o ontem e rearmonize a vida.

Assim, para começar, você pode, em 2012, devolver aquele sonho que você frustrou; pode acionar antigos moinhos de vento que não se quebraram e pode sonorizar a noite, fazendo dançar os frágeis vagalumes que não se apagaram.

Você pode estender a mão a quem, ontem, você a negou. Enxugar a lágrima que por você rolou.

Você pode levar palavras tão intensas que sejam capazes de anestesiar dores, e sejam capazes de fazer renascer a alegria de viver.

Você pode levar gestos reinauguradores das substâncias da vida. Levar máscaras de você mesmo(a), em seu cariz, eminentemente, existencial. E pode dar cores a suas ações tal como as formas de Monet que nos mostram sentidos nunca perdidos.

E deixe que em Você fale o ser e através dele o espírito que dá vida e dialoga com o insondável mistério do existir.

(*)Dra. Arlete Sendra é graduada em letras clássicas (português, latim e grego), é mestre em Literatura Brasileira, Doutora em Literatura de Língua Portuguesa e Pós-doutorada em semiótica. Atualmente, é docente e pesquisadora da UENF e membro da Academia Campista de Letras.

Extraído: Jornal Mania de Saúde - Dez/2011