CHEGUE NA PAZ

20 de out. de 2011

Menino cigano

Sou criança, sou menino, descalço sem rumo
Sou órfão deste lugar, deste caminho, deste mundo
Onde o meu pequeno futuro se esvai, se perde
Não porque eu quero...
Não porque eu sinto...
Simplesmente porque sou menino!

Menino sem pátria, um simples pária
Vivendo na lata das latas humanas
Nos guetos desta miséria de vida
Dizem que é do meu sangue, da minha história
Meu sangue é vermelho e o deles?

Dizem que roubo, mato, que tenho minha alma vendida
Esquecem-se de mim, perdem a memória
Esquecem-se que já foram meninos
Que sonharam, que brincaram
Esquecem-se...
Sou criança, sou menino.

Sou simplesmente alguém
Que pede uma mão, uma oportunidade, uma justiça
Quero viver, brincar, crescer
Quero ter uma vida, uma casa de banho
Quero um quarto meu, quero aprender.

Atiram-me com os subsídios e os demais logros
Dizendo que não gosto de trabalhar
Dizendo que sou feito da mais pura preguiça
Que não gosto de lutar
Que ando de terra em terra
Que sou um sem lugar
Sou criança, sou menino.

Sou alguém que espera um sonho, uma quimera
Sou simplesmente um menino como todos os outros!

Poema dedicado a todos os meninos de etnia cigana, que ainda não se integraram na nossa sociedade.