CHEGUE NA PAZ

14 de abr. de 2011

Apenas um gesto...

Apenas um gesto para mudar a sua vida, nada mais...

Numa noite tempestuosa, há muitos anos atrás, um senhor idoso e sua esposa entraram no saguão de um pequeno hotel em Filadélfia. O homem levou a esposa até uma poltrona, e depois se dirigiu à recepção.
- Todos os grandes hotéis da cidade estão cheios. Por favor, vocês teriam um lugar para nós?
O funcionário explicou que, como se realizavam três convenções na cidade, não havia nenhum quarto disponível em nenhum lugar.
- Todos os nossos quartos também estão cheios - disse ele. Todavia, não posso deixar um casal simpático como vocês sair na chuva a uma da manhã. Estariam dispostos a dormir no meu quarto?
O homem replicou que não gostaria de privá-lo de seu quarto, mas o recepcionista insistiu:
- Não se preocupe eu me arranjo.
Na manhã seguinte, ao pagar a conta, o velho disse ao rapaz:
- Você é o tipo de pessoa que deveria gerenciar o melhor hotel do país. Talvez um dia eu construa um para você.
O rapaz olhou para o casal, e sorriu. Os três acabaram rindo e muito. A seguir, ele os ajudou a levar as malas até a rua. Dois anos se passaram e o recepcionista já se esquecera do incidente, quando recebeu uma carta daquele senhor.
Nela ele relembrava a noite de tempestade, e incluía uma passagem de ida e volta a Nova Iorque. Quando o moço chegou a Nova Iorque, o homem levou-o à esquina da Quinta Avenida com a rua Trinta e Quatro, e apontou para um enorme prédio, um verdadeiro palácio de pedras avermelhadas com torres e vigias, como um castelo de fadas elevando-se até o céu.
- Esse - disse o homem - é o hotel que acabei de construir para você tomar conta.
- O senhor deve estar brincando - falou o jovem, sem saber se devia ou não acreditar nas palavras do outro.
- Não estou brincando não - respondeu o outro com um sorriso travesso.
- Afinal de contas, quem é o senhor?
- Meu nome é William Waldorf Astor. Estamos dando ao hotel o nome de Waldorf Astoria, e você vai ser seu primeiro gerente.

O nome do rapaz era George C. Boldt, e essa é a história de como ele saiu de um pequeno e medíocre hotel em Filadélfia, para tornar-se gerente do que era então o hotel mais fino do mundo. Astor sabia que a bondade demonstrada por Boldt fora espontânea, sem pensar em tirar qualquer proveito dela, e por isso teve início uma amizade que superou todas as barreiras de status social e financeiro.

O recepcionista – que certamente recebia apenas um modesto ordenado – decidiu ajudar um estranho por perceber a sua real necessidade. Mal sabia ele que estava cedendo seu quarto ao homem mais rico dos Estados Unidos. Ele poderia muito bem ser apenas mais um homem de negócios, à procura de um quarto naquela noite tempestuosa e fria.

Por outro lado, aquela semente de amizade, uma vez plantada, germinou para o recepcionista na forma de um cargo muito superior e de maior prosperidade financeira.

Aqueles a quem ajudamos, sejam pobres, ricos, de classe média, negros, brancos, amarelos ou pardos, muitas vezes apenas esperam de nós um apoio, uma palavra, um gesto de amizade. Se o fizermos com o intuito de obter lucro, já teremos recebido a nossa recompensa, e tudo termina aí. Mas, se nos mostrarmos generosamente solícitos, e compadecidos daqueles que nos rodeiam, seremos abençoados para sempre.