CHEGUE NA PAZ

17 de dez. de 2010

Poesia: Olhando o relógio...

Tic-tac - o ponteiro dá um salto para frente
Cada tic é um pedaço que se perde
Cada tac é uma probabilidade a menos
Tic-tac...
Fico impaciente, esperando.
.
Durante tanto tempo esperei...
Desde o exato momento de tua partida
O tempo não passa
O telefone não toca
A roda não gira
O relógio não marca o tempo
Não existe hora.
.
Aturdida, levanto-me
Leio e releio o imaginário
A noite escurece
No vácuo, na névoa, tudo desaparece.
.
Para mim é sempre noite
Na escuridão que está dentro de mim
Não sei o que vou encontrar...
.
Sem nuvens, sem raios, sem arco-íris
Chega a hora, quando a imensidão toma conta
Quando o próprio nada se agiganta
Mudando o sentido da vida...
.
Ah! se eu pudesse ser criança agora!
Não olharia as horas
O tic-tac não me deixaria indefesa
Confusa, assustada, não me perderia.
.
E esta inquietude que me desespera
O medo, a sede, a dor
É a angústia, negra onda, que me afoga.
.
E, na tempestado do outono
Giro, giro, como a rosa dos ventos.
Tic-tac...
..
Delasnieve Daspet - Campo Grande/MS