CHEGUE NA PAZ

22 de dez. de 2010

Poesia: O enjeitado

Mulher moça abandona, em grande pátio imundo
O filhinho que, em vão, lhe dera a vida ao seio
Depois, vende prazer, comprando, a bolso alheio
A posição faustosa e o renome infecundo

Corre o tempo... Mais tarde, aos empuxões do mundo
Certa noite, ela aguarda alguém para recreio
Mas um jovem ladrão, abre-lhe o cofre cheio
A dama roga auxílio e agarra o vagabundo

Ele brande o punhal e o sangue se lhe verte
Agonizante, fita – embora o corpo inerte
O rapaz que lhe furta as jóias do peitilho
Súbito, encontra nele o enjeitado de outrora
E, tarde, a pobre mãe debalde grita e chora:
– «Perdoa-me, Senhor!... Não me mates, meu filho!...»

Narciso Amália